sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sobre os olhos de Bernardo

“E de repente estou me lembrando do massacre de Columbine, sobretudo da cena da cafeteria, com as pessoas rastejando ao redor das mesas redondas e um dos garotos assassinos envolto num halo luminoso para que pudéssemos localizá-lo nos telejornais (era só um menino com a aba do boné para trás). Num certo instante, há um explosão, seguida de um cara que se projeta para frente numa espécie de movimento demorado de ginástica olímpica e, justamente por causa dessa lentidão e do silencio total, é bem difícil perceber algum tipo de desespero no gesto e então ficar comovido. Da ate para dizer que há beleza naquilo. Sim, exatamente. Se você tirar os gritos, os tiros, as coisas se quebrando, e se você deixar todo mundo mais lento, dando a impressão de que todos os movimentos estão encadeados numa perfeita sincronia, dificilmente você vai acreditar que aquelas pessoas morriam de fato.”
Sinuca embaixo d'água, de Carol Bensimon

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