terça-feira, 26 de outubro de 2010

4

No dia 4 de outubro ía pra casa pensando sobre o corpo do espetáculo. Pensando que agora tinha uma vida sendo gerada entre dois e não adiantava mais um, nem três. São dois pra 4. E é isso. Hoje conto os dias para o quarto dia do último mês e espero um outro dia 4 em que algo vai nascer e morrer, talvez no movimento de vida mais efêmero de todos. Escrevo um e-mail chamado reta final e me dou conta de que não estou me dando conta o suficiente e que se deixarmos, o tempo nos passa a perna e não nos deixa ver além de enxergar. É uma sensação extremamente mortífera essa de reconhecer vida. De reconhecer o tempo e o espaço. Talvez por isso tão difícil para uns. Engraçado isso, já que essa sensação não nos é estranha. De forma alguma. Só temos, ainda hoje, dificuldades de lidar com ela. Mas pensando aqui, cá comigo mesma, acredito que agora estamos entrando em um novo momento em que as dificuldades tem novamente todo espaço que for preciso. Há quase um mês (tirando 8 dias, ou duas vezes quatro, ou uma semana e mais um dia)começamos a tentar dar forma a essa vida que está sendo gerada. Agora que estamos de alguma maneira ficando seguros nela precisamos voltar a dificuldade, dessa vez de perceber e reconhecer que a forma também morre quando falamos de vida. E que o momento de atuação talvez seja mesmo o único antídoto para acabar com o medo do abismo. Fica essa memória entre nós, rapidinho pra não incomodar ninguém. Deveríamos dar um pouco mais de sentido aos nossos movimentos. Tratar a forma como uma espécie de vida inventada, dilatada ou comprimida.
Falta vida.
Falta morte.

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